A Mulher que amei era um Continente
A mulher que amei era um Continente.
E era grande, como a um Continente convém,
Como um Continente é.
E eu nem sabia, não suspeitava,
E nele me perdi.
Perdido ainda estou.
Foragido dos cipós e das exuberantes
Flora, fauna, pedras
E águas cristalinas
Com que sabia falar...
Alcancei a praia, canoa, o mar.
Parti e
Perdido estou, perdido sou.
Hoje sonho (ou não?)
Vagar e remar
Minha, só minha,
Canoa.
Tão pequena é, só me cabe,
E às minhas lembranças,
Da vida que – quem sabe? –
Pudera ter sido!
A mulher que amei
Era um Continente.
Imagino continue assim sendo.
E, ainda assim, o perdi!
Tanta latitude e, ainda,
Quanta longitude...
Que
Nem mais dele sei
Nem mesmo dele mais
Ouço!
A mulher que amei era um Continente
Em que, penso, bem estaria
Contido.
Nele nasci!
Talvez nele houvesse me perdido.
Acabados
Toda a poesia, o bem sonhado,
Que seria?
Vago.
Vagas lembranças de cheiro,
Inebriante que aspirei,
Forte.
Vagas me ameaçam,
Busco, ouso e consigo
Vencer e atravessar.
Vivo e sobrevivo
E tanto ao Continente
Bruto, antigo, doce, encantado
Devo!
Pensei
em Durrell,
Tolkien,
Aronson, Mc Coulough ...
E no relógio.
O relógio que ela me deu.
Que,
Quase sempre silente,
Marcava presente e passado,
Dava substância a tudo.
Já disse: nele nasci.
Para o amor, para o encanto.
Aprendi,
Acreditem.
Pela vez primeira,
Que eu era bom,
Quem era e fui,
Como era
E – Acho – sou.
A mulher que me amou é um Continente;
Como tal, grande,
Tão grande
Que soube perder.
A mulher que me amou
Me deixou partir!
Grande senhora,
Enorme Continente,
Logo entendeu,
Entendeu que eu
Nada mais seria
Que desbravador de trilhas
Suarento expedicionário
Por caminhos
Só meus...
A mulher que amei é um Continente.
Ah! Quanto de bom tem.
Quantas praias,
Quantas veredas, encantos,
Seio de acalantos,
Mistérios, grutas, vãos...
Vãos foram os esforços
Para à contracorrente
Do Rio
Me afastar.
Deixo poucos destroços;
E pensei, inocente,
Egoísta e frio
Liberdade reconquistar.
Ah! A mulher que me amou
Foi
Um Continente!
A que sei,
Não sei, que posso ou devo
Jamais
Voltar
FMFG
- 31/05/87
A
mulher que amei era um Continente!
Love is a many splendored thing
A mulher que amei era um Continente.
E era grande, como a um Continente convém,
Como um Continente é.
E eu nem sabia, não suspeitava,
E nele me perdi.
Perdido ainda estou.
Foragido dos cipós e das exuberantes
Flora, fauna, pedras
E águas cristalinas
Com que sabia falar...
Alcancei a praia, canoa, o mar.
Parti e
Perdido estou, perdido sou.
Hoje sonho (ou não?)
Vagar e remar
Minha, só minha,
Canoa.
Tão pequena é, só me cabe,
E às minhas lembranças,
Da vida que – quem sabe? –
Pudera ter sido!
A mulher que amei
Era um Continente.
Imagino continue assim sendo.
E, ainda assim, o perdi!
Tanta latitude e, ainda,
Quanta longitude...
Que
Nem mais dele sei
Nem mesmo dele mais
Ouço!
A mulher que amei era um Continente
Em que, penso, bem estaria
Contido.
Nele nasci!
Talvez nele houvesse me perdido.
Acabados
Toda a poesia, o bem sonhado,
Que seria?
Vago.
Vagas lembranças de cheiro,
Inebriante que aspirei,
Forte.
Vagas me ameaçam,
Busco, ouso e consigo
Vencer e atravessar.
Vivo e sobrevivo
E tanto ao Continente
Bruto, antigo, doce, encantado
Devo!
Pensei
em Durrell,
Tolkien,
Aronson, Mc Coulough ...
E no relógio.
O relógio que ela me deu.
Que,
Quase sempre silente,
Marcava presente e passado,
Dava substância a tudo.
Já disse: nele nasci.
Para o amor, para o encanto.
Aprendi,
Acreditem.
Pela vez primeira,
Que eu era bom,
Quem era e fui,
Como era
E – Acho – sou.
A mulher que me amou é um Continente;
Como tal, grande,
Tão grande
Que soube perder.
A mulher que me amou
Me deixou partir!
Grande senhora,
Enorme Continente,
Logo entendeu,
Entendeu que eu
Nada mais seria
Que desbravador de trilhas
Suarento expedicionário
Por caminhos
Só meus...
A mulher que amei é um Continente.
Ah! Quanto de bom tem.
Quantas praias,
Quantas veredas, encantos,
Seio de acalantos,
Mistérios, grutas, vãos...
Vãos foram os esforços
Para à contracorrente
Do Rio
Me afastar.
Deixo poucos destroços;
E pensei, inocente,
Egoísta e frio
Liberdade reconquistar.
Ah! A mulher que me amou
Foi
Um Continente!
A que sei,
Não sei, que posso ou devo
Jamais
Voltar
FMFG
- 31/05/87
A mulher que amei era um Continente.
E era grande, como a um Continente convém,
Como um Continente é.
E eu nem sabia, não suspeitava,
E nele me perdi.
Perdido ainda estou.
Foragido dos cipós e das exuberantes
Flora, fauna, pedras
E águas cristalinas
Com que sabia falar...
Alcancei a praia, canoa, o mar.
Parti e
Perdido estou, perdido sou.
Hoje sonho (ou não?)
Vagar e remar
Minha, só minha,
Canoa.
Tão pequena é, só me cabe,
E às minhas lembranças,
Da vida que – quem sabe? –
Pudera ter sido!
A mulher que amei
Era um Continente.
Imagino continue assim sendo.
E, ainda assim, o perdi!
Tanta latitude e, ainda,
Quanta longitude...
Que
Nem mais dele sei
Nem mesmo dele mais
Ouço!
A mulher que amei era um Continente
Em que, penso, bem estaria
Contido.
Nele nasci!
Talvez nele houvesse me perdido.
Acabados
Toda a poesia, o bem sonhado,
Que seria?
Vago.
Vagas lembranças de cheiro,
Inebriante que aspirei,
Forte.
Vagas me ameaçam,
Busco, ouso e consigo
Vencer e atravessar.
Vivo e sobrevivo
E tanto ao Continente
Bruto, antigo, doce, encantado
Devo!
Pensei
em Durrell,
Tolkien,
Aronson, Mc Coulough ...
E no relógio.
O relógio que ela me deu.
Que,
Quase sempre silente,
Marcava presente e passado,
Dava substância a tudo.
Já disse: nele nasci.
Para o amor, para o encanto.
Aprendi,
Acreditem.
Pela vez primeira,
Que eu era bom,
Quem era e fui,
Como era
E – Acho – sou.
A mulher que me amou é um Continente;
Como tal, grande,
Tão grande
Que soube perder.
A mulher que me amou
Me deixou partir!
Grande senhora,
Enorme Continente,
Logo entendeu,
Entendeu que eu
Nada mais seria
Que desbravador de trilhas
Suarento expedicionário
Por caminhos
Só meus...
A mulher que amei é um Continente.
Ah! Quanto de bom tem.
Quantas praias,
Quantas veredas, encantos,
Seio de acalantos,
Mistérios, grutas, vãos...
Vãos foram os esforços
Para à contracorrente
Do Rio
Me afastar.
Deixo poucos destroços;
E pensei, inocente,
Egoísta e frio
Liberdade reconquistar.
Ah! A mulher que me amou
Foi
Um Continente!
A que sei,
Não sei, que posso ou devo
Jamais
Voltar
FMFG
- 31/05/87